Revisitar a legislação comunitária em matéria de farmacovigilância
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A farmacovigilância, a ciência e as atividades relacionadas com a deteção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer outros problemas relacionados com medicamentos, é crucial para garantir a segurança e a eficácia dos medicinal products. Nos últimos anos, a União Europeia (UE) fez alterações significativas à sua legislação sobre farmacovigilância para melhorar a segurança dos medicamentos e simplificar os processos regulamentares. Este blogue aprofunda as principais alterações e as suas implicações para a indústria farmacêutica.

Antecedentes da legislação comunitária em matéria de farmacovigilância

O sistema de farmacovigilância da UE é um dos mais avançados do mundo. Criado pela Diretiva 2010/84/UE e pelo Regulamento (UE) n.º 1235/2010, a legislação foi objeto de várias actualizações para dar resposta aos desafios emergentes em matéria de segurança e vigilância dos medicamentos. As últimas alterações visam reforçar ainda mais o sistema, garantindo uma deteção e resposta rápidas a potenciais problemas de segurança.

Principais alterações à legislação

Processo de gestão de sinais melhorado

Uma das principais alterações envolve a melhoria do processo de gestão dos sinais. Um "sinal" em farmacovigilância refere-se à informação sobre um acontecimento adverso novo ou conhecido que pode ser causado por um medicamento e que requer uma investigação mais aprofundada. A nova legislação exige metodologias mais rigorosas para a deteção, avaliação e gestão de sinais. Isto inclui a utilização de análises avançadas de dados e provas do mundo real para identificar potenciais sinais de segurança de forma mais eficaz.

Reforço dos planos de gestão dos riscos (PGR)

Os Planos de Gestão de Risco (RMPs) são essenciais para identificar, caracterizar e minimizar os riscos associados aos medicinal products. As alterações exigem RMPs mais detalhados e abrangentes, com maior ênfase nos estudos de segurança pós-autorização (PASS) e nos estudos de eficácia pós-autorização (PAES). Isso garante que os riscos sejam continuamente monitorados e geridos ao longo do ciclo de vida do produto.

Melhoria da transparência e da comunicação

A transparência e a comunicação eficaz são fundamentais para manter a confiança do público no sistema de farmacovigilância. A nova legislação exige que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) publique informações detalhadas sobre a segurança dos medicinal products, incluindo relatórios de avaliação e resumos dos dados de segurança. Essas informações devem ser facilmente acessíveis aos profissionais de saúde e ao público.

Maior envolvimento dos doentes e dos profissionais de saúde

Reconhecendo os conhecimentos valiosos que os doentes e os profissionais de saúde podem fornecer, as alterações salientam o seu envolvimento nas actividades de farmacovigilância. Isto inclui a notificação de acontecimentos adversos, a participação em estudos de segurança e a participação em comités consultivos. A sua participação ativa ajuda a recolher dados do mundo real e a melhorar o perfil de segurança global dos medicamentos.

Inspecções obrigatórias em matéria de farmacovigilância

Para garantir o cumprimento das obrigações em matéria de farmacovigilância, as alterações introduzem inspecções obrigatórias aos titulares de autorizações de introdução no mercado (TAIM) e a outras entidades relevantes. Estas inspecções destinam-se a verificar se os titulares de AIM dispõem de sistemas de farmacovigilância sólidos e se cumprem as suas obrigações legais. O incumprimento pode resultar em sanções significativas, incluindo coimas e a suspensão das autorizações de introdução no mercado.

Integração de ferramentas e tecnologias digitais

A utilização de ferramentas e tecnologias digitais é uma pedra angular da legislação actualizada. Software avançado para recolha de dados, inteligência artificial para deteção de sinais e registos de saúde electrónicos para monitorização em tempo real são algumas das inovações que estão a ser integradas no quadro da farmacovigilância. Estas ferramentas aumentam a eficiência e a precisão das actividades de farmacovigilância.

Implicações para a indústria farmacêutica

As alterações à legislação comunitária em matéria de farmacovigilância têm várias implicações para a indústria farmacêutica:

  • Aumento dos requisitos de conformidade: As empresas têm de garantir que os seus sistemas de farmacovigilância estão em conformidade com os novos regulamentos. Isto pode exigir recursos e investimentos adicionais em tecnologia e formação.
  • Capacidades melhoradas de análise de dados: A necessidade de uma análise de dados avançada significa que as empresas devem adotar ferramentas e metodologias sofisticadas para a deteção de sinais e a gestão de riscos.
  • Maior transparência: Com o aumento dos requisitos de transparência, as empresas devem estar preparadas para partilhar informações de segurança detalhadas com as entidades reguladoras, os profissionais de saúde e o público.
  • Envolvimento ativo com as partes interessadas: As empresas precisam de se envolver mais ativamente com os doentes, os profissionais de saúde e as autoridades reguladoras para recolher e partilhar dados de segurança.

Conclusão

As alterações à legislação da UE em matéria de farmacovigilância representam um passo significativo no sentido de reforçar a segurança dos medicamentos e a eficiência regulamentar. Ao reforçar o processo de gestão de sinais, melhorar os planos de gestão de riscos, aumentar a transparência e integrar ferramentas digitais, a UE pretende garantir que medicinal products seguros e eficazes para uso público. Para a indústria farmacêutica, estas alterações representam tanto desafios como oportunidades para melhorar as suas práticas de farmacovigilância e garantir o cumprimento de requisitos regulamentares rigorosos.

À medida que o panorama da segurança dos medicamentos continua a evoluir, a colaboração com um parceiro regulatório experiente como a Freyr pode ajudar a manter-se informado e proativo na adaptação a essas mudanças, o que é essencial para manter a confiança do público e garantir o bem-estar dos pacientes.

Autor: Sonal Gadekar

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