Compreender a estratégia da UE para combater os medicamentos falsificados
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Os medicamentos falsificados representam uma ameaça significativa para a saúde pública, minando a confiança no sistema de saúde e pondo em causa o bem-estar dos doentes. Reconhecendo a gravidade desta questão, a União Europeia (UE) implementou uma estratégia multifacetada para combater a distribuição e comercialização de medicamentos falsificados nos seus Estados-Membros.

a. Compreender os medicamentos falsificados

Os medicamentos falsificados são produtos contrafeitos deliberadamente concebidos para enganar os consumidores, imitando os produtos farmacêuticos legítimos. Estes produtos podem conter ingredientes incorrectos, dosagens impróprias ou mesmo nenhum ingrediente ativo, o que representa riscos graves para a saúde e segurança dos doentes. Além disso, a proliferação de medicamentos falsificados contribui para a resistência antimicrobiana, compromete a eficácia do tratamento e corrói a confiança nos sistemas de saúde.

b. Desafios regulamentares: Navegar num cenário complexo 

A luta contra o comércio de medicamentos falsificados apresenta desafios regulamentares formidáveis. Estes desafios incluem:

- Cadeias de abastecimento globalizadas: A natureza interligada das cadeias de abastecimento farmacêuticas aumenta o risco de infiltração de produtos falsificados, necessitando de quadros regulamentares robustos e de cooperação internacional. À medida que o fabrico de produtos farmacêuticos se torna mais globalizado, garantir a integridade da cadeia de abastecimento, desde as matérias-primas até aos produtos acabados, é crucial para evitar a falsificação.

- Avanços tecnológicos: Os rápidos avanços tecnológicos permitiram aos falsificadores produzir medicamentos falsificados cada vez mais sofisticados, aumentando a necessidade de soluções inovadoras de autenticação e de estratégias de regulamentação.

- Farmácias em linha: O aumento das farmácias em linha facilitou o comércio ilícito de medicamentos falsificados, colocando desafios ao controlo e à regulamentação das plataformas de comércio eletrónico para garantir a segurança dos consumidores. As agências reguladoras devem colaborar com os fornecedores de serviços de Internet e as autoridades policiais para identificar e encerrar as farmácias em linha ilegais que distribuem produtos falsificados.

- Restrições de recursos: As agências reguladoras enfrentam restrições de recursos na condução de actividades abrangentes de vigilância do mercado e de aplicação da lei, o que exige a definição de prioridades e a colaboração com as partes interessadas da indústria. As parcerias público-privadas podem ajudar a potenciar recursos e conhecimentos para combater eficazmente a falsificação.

c. A resposta da UE: Uma abordagem global 

Em resposta a estes desafios, a UE implementou uma estratégia abrangente para salvaguardar a saúde pública e manter a integridade da cadeia de abastecimento legal.

Os principais componentes desta estratégia incluem:

  1. Legislação: A Diretiva de Medicamentos Falsificados da UE estabelece medidas harmonizadas para evitar que os medicamentos falsificados entrem na cadeia de abastecimento legal, assegurando normas consistentes em todos os estados-membros. Esta diretiva regula a serialização dos medicamentos, permitindo a localização e o rastreio dos produtos ao longo da cadeia de abastecimento para evitar o desvio e a contrafação.
  2. Elementos de segurança: Os dispositivos de segurança obrigatórios, tais como os dispositivos anti-violação e os identificadores únicos, permitem a verificação da autenticidade dos medicamentos, possibilitando aos profissionais de saúde e aos doentes a deteção de produtos falsificados. Estes dispositivos de segurança foram concebidos para serem facilmente reconhecíveis e invioláveis, assegurando a integridade do produto.
  3. Logótipo comum: A introdução de um logótipo comum a nível da UE permite aos consumidores identificar os fornecedores legítimos de medicamentos em linha, reduzindo o risco de aquisição de medicamentos falsificados de fontes ilegais. Este logótipo serve de indicador visual da conformidade de um sítio Web com a regulamentação da UE, incutindo confiança na compra de medicamentos em linha.
  4. Campanhas de sensibilização: Esforços de colaboração com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e os Estados-Membros aumentam a consciencialização sobre os riscos associados aos medicamentos falsificados, permitindo que os consumidores tomem decisões informadas. Estas campanhas de sensibilização realçam a importância de adquirir medicamentos de fontes autorizadas e de comunicar produtos suspeitos às autoridades reguladoras.
  5. Inspecções e fiscalização: As autoridades competentes realizam inspecções rigorosas e vigilância do mercado para garantir o cumprimento dos regulamentos legais, detectando e impedindo a circulação de produtos falsificados. Estas inspecções podem incluir auditorias físicas às instalações de fabrico, grossistas e farmácias, bem como a vigilância dos mercados em linha e dos controlos nas fronteiras.
  6. Cooperação internacional: A UE colabora com organizações internacionais para melhorar a coordenação global no combate ao comércio de medicamentos falsificados, reforçando os quadros regulamentares e os mecanismos de aplicação. Isto inclui a partilha de informações e de boas práticas, a harmonização de normas e o apoio a iniciativas de reforço das capacidades em regiões vulneráveis à falsificação.
  7. Retirada e notificação: Se forem detectados medicamentos falsificados, estes devem ser fisicamente separados e armazenados longe dos produtos legítimos. Os distribuidores por grosso devem informar imediatamente as autoridades competentes e o titular da autorização de introdução no mercado de quaisquer medicamentos suspeitos de serem falsificados. Este facto facilita uma resposta e investigação rápidas para evitar a continuação da distribuição e garantir a segurança dos doentes.
  8. Regulamentação dos corretores: Os novos agentes envolvidos na distribuição de medicamentos, como os corretores, estão agora sujeitos a controlo para garantir que não facilitam a distribuição de medicamentos falsificados. Isto inclui a realização de controlos de antecedentes, verificação de credenciais e implementação de supervisão baseada no risco para mitigar o risco de falsificação.

Conclusão: Salvaguarda da saúde pública 

Em conclusão, a estratégia global da UE para combater os medicamentos falsificados sublinha o seu empenho em salvaguardar a saúde pública e manter a confiança no sistema de saúde. Através da aplicação de medidas legislativas rigorosas, da utilização de dispositivos de segurança inovadores, da sensibilização e da promoção da cooperação internacional, a UE esforça-se por proteger os doentes dos perigos dos medicamentos falsificados.